sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Tiziu


Com ampla distribuição geográfica, o Tiziu (Volatinia jacarina) é um dos pássaros mais conhecidos em nosso pais. A cor negra reluzente marcante do macho e o hábito característico de saltar verticamente quando emite seu canto, voltando ao mesmo local onde estava empoleirado são suas principais características.Habita áreas de pastagem e descampados, com nenhuma ou poucas árvores, alimentando-se principalmente de sementes de gramíneas e de pequenos insetos. Por este motivo adapta-se muito bem a áreas urbanas e de vegetação degradada. Em terrenos baldios é comum encontrar o tiziu residindo e procriando.

Na reprodução, o casal mantém uma forte ligação, comunicando-se o tempo todo. Sempre que a fêmea deita para chocar, avisa o macho com uma vocalização específica, repetida algumas vezes. O macho permanece por perto, vigiando e cantando. Bastante aguerrido, costuma defender bravamente seu ninho. Ao nos aproximarmos de um ninho, geralmente o macho fica à volta, tentando desviar a atenção do invasor com vôos rápidos e vocalizações, sempre buscando se fazer de alvo e assim levar a ameaça para longe do ninho.



A fêmea constrói o ninho sempre próximo do solo, usando finas raízes. Seu diâmetro interno é de pouco mais de 5 cm. Os ovos podem ser em número de dois ou três, sendo bem pequenos e delicados. A pigmentação da casca é azul-esbranquiçada, com poucas pintas, concentradas na extremidade mais obtusa, arredondada.






O período de choco é de apenas 11 dias, ao contrário dos 13 dias da maioria dos passeriformes que criamos. A fêmea mostra-se sempre bastante zelosa com o ninho e os filhotes. O macho sempre quer ajudar a fêmea a cuidar dos filhotes, motivo pelo qual as vezes as fêmea pode reagir hostilmente à sua presença no entorno do ninho.

A gaiola para reprodução pode ser de 70x40x30 centímetros (comprimento x altura x largura). Para dar seus saltos o macho precisa de uma gaiola mais alta, embora, caso a altura não permita, ele cante também sem saltar. Como alimentação, a ração extrusada adequada satisfaz as necessidades nutricionais da espécie.s7302120.jpg

Podem criar tanto em poligamia (macho só fica junto da fêmea no momento do cruzamento) ou em monogamia, inclusive permanecendo o casal junto o ano todo.s7302103.jpg

As primeiras pintas pretas na plumagem dos filhotes machos aparecem logo nos primeiros meses de vida. É normal que boa parte do ano os machos adultos não estejam totalmente pretos, podem conter manchas brancas ou pardas na plumagem, que, estando com essa aparência, é chamada plumagem de descanso, em contrapartida à de reprodução.

Essa espécie reproduz-se com relativa facilidade em ambiente doméstico. A velha justificativa "quem vai querer ter um tiziu em casa" não é válida, pois atualmente a demanda por pássaros nascidos legalmente em cativeiro é maior que a oferta, independente da espécie.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Cardeal


Falaremos sobre a criação de “CARDEAL”. Existem no Brasil cinco formas diferentes. Como sempre, vamos adotar a classificação de Sybley, que é a mesma do Livro “Todas as aves do Brasil” de Deodato Souza que citam cinco subespécies: a) Cardeal do Sul, Paroaria coronata, 18 cm , cabeça anterior e garganta vermelhas, topete ereto, abdomem branco, costas acinzentadas, quase todo o Rio Grande do Sul – b) Cardeal do Nordeste ou Galo da Campina, Paroaria dominicana , 17 cm, igual ao anterior sem topete, quase todo o Nordeste brasileiro – c) Cardeal da Amazônia, Paroaria gularis, cabeça vermelha, gravata preta, toda a Amazônia brasileira – d) Cardeal do Goiás, Paroaria baeri, coroa da cabeça e bigodes vermelhos, costas pretas e abdomem branco, Goiás e limítrofes – e) Cardeal do Pantanal, Paroaria capitata, cabeça vermelha, bico e pernas amarelas. Não há disformismo sexual entre eles, a fêmea é exatamente igual ao macho, só os experts conseguem diferenciá-los. Todos tem sido vítimas de perseguição tanto pela caça predatória como pela degradação do meio ambiente. Únicas formas de evitar a extinção; parques nacionais protegidos nas áreas de distribuição, respeito ao que existe na natureza e reprodução em criadouros registrados, ou fazemos isso, efetivamente, ou nossos pássaros desaparecerão. Vamos falar mais e especificamente do Cardeal do Sul e do Cardeal do Nordeste/Galo da Campina, que são os únicos que despertam interesse em sua criação. Embora possa-se manejá-los da mesma forma, os outros três, não são apreciados pelos passarinheiros e quase não se os encontram em gaiolas ou viveiros. Procriam na natureza da primavera até o início do outono, de setembro a março. A partir desta época, param de cantar, fazem a muda anual e juntam-se em bandos, os adultos e os jovens. Este procedimento os ajuda na tarefa de alimentação nos meses de escassez. O ambiente natural do sulista são as bordas dos arrozais, campos com vegetação alta e bordas de matas, do nordestino é a caatinga e matas ralas. Quando no processo de reprodução, tornam-se pássaros extremamentes territorialistas, cada casal demarca a sua área e não permite a presença de outros adultos da mesma espécie; o macho canta intermitentemente a todo volume para delimitar o seu espaço. Pode-se ouvir o seu canto a quilômetros de distância. O Cardeal, é um belo pássaro e muito apreciado pelo seu canto. O interesse das pessoas é muito grande, a demanda é grande, é hora então de praticarmos a preservação através de um intenso trabalho de reprodução; as matrizes capturadas são suficientes para o trabalho. A caça predatória tem que cessar urgentemente. As Portarias do IBAMA, tanto a 118 como a 057, estão aí e possibilitam e estabelecem condições para a permissão para a procriação, tanto para profissionais como para hobistas. Quem quiser ganhar dinheiro produzindo e transacionando os filhotes, pode e deve fazê-lo, até exportar pode. Desde que as normas sejam respeitadas o IBAMA concordará e a sociedade aplaudirá pelo trabalho de preservação que é desenvolvido. Poder-se-á, com isso, praticar-se o repovoamento em locais predeterminados. Tem-se tido notícias de vários criadores, embora de criação ainda um tanto esparsada; o certo é que ele procria com muita facilidade, é de fácil manejo. Na natureza sua alimentação é muito variada, o do Sul: arroz, sementes de capim, insetos e frutas silvestres; o do Nordeste: sementes de capim, gramíneas , insetos e frutas. O canto dos dois é muito parecido, o do sul de quatro a cinco notas batidas e repetindo-os inúmeras vezes; o do nordeste, também, mas a definição do Pai-Filho-Espirito-Santo-Amém é o mais apreciado. A fêmea também canta só que baixo e enrolado, tipo chilreando simultaneamente com seu macho e só o ele canta de açoite e de estalo. Quase não se agüenta escutá-los em um ambiente fechado, é muito forte o som obtido, pode até prejudicar a audição de uma pessoa. Há uma pequena diferença de dialetos de uma região para outra. Por isso, pode-se ensinar aos filhotes o canto da melhor qualidade a partir de fitas gravadas com os melhores pássaros. Apenas para o do Sul, no Rio Grande do Sul, há torneios de qualidade de canto e de fibra, sob os auspícios da FOG. Para o Nordestino, não há ainda torneios de canto. Vive, se bem tratado em ambientes domésticos por volta de 20 anos. A alimentação básica de grãos deve ser: alpiste 50%, painço 20%, aveia 10%, arroz em casca 10%, girassol 10%. Dois dias por semana administrar polivitamínico tipo Orosol®, Rovisol® ou Protovit®, este à base de 2 gotas para 50ml d’água. Utilizar a ração da Tril, que é das melhores e para suprir suas outras necessidades nutricionais de pássaro em reprodução, o mais importante é fazer a farinhada e ali se ministrar grande parte dos ingredientes necessários à saúde da ave. Pode ser elaborada da seguinte forma: 5 partes de milharina, 1 parte de germe de trigo; 1 parte de farelo de proteína de soja texturizada; 4 colheres de sopa de suplemento F1 da Nutrivet para um quilo; 1 gr de Mold-Zap para um quilo da mistura; 1 gr. de sal por 1 quilo da mistura; 2 gr. de Mycosorb por quilo, e 2 gr de Lactosac (probiótico). Após tudo isso estar bem misturado, coloque na hora de servir, duas colheres de sopa cheias dessa farinhada uma colher de sopa cheia de Aminosol. Importante também, ferver durante 20 minutos os grãos alpiste, painço, arroz integral, lavar bem e misturar à farinhada. Quando houver filhotes no ninho adicione o ovo cozido. Outra mistura importante deve ser feita com farinha de ostra 20%, Aminopan 30% e areia 50%. É preciso, também ministrar inseto vivo, tipo larvas de tenébrio, à base de 10 de manhã e 10 à tarde, por filhote. O Cardeal, consome quase de tudo, é muito fácil alimentá-lo adequadamente. Só falta, então a escolha do local apropriado, ele deve ser o mais claro possível, arejado e sem correntes de vento. A temperatura para o do Sul deve ficar na faixa de 20 a 30 graus e o do Nordeste de 25 a 35 graus Celsius e a umidade relativa na faixa de 40 a 60%. A época para a reprodução é de setembro a fevereiro, coincidente com o período chuvoso e com a choca na natureza. Pode-se criá-los em viveiros, grandes ou pequenos, todavia não o aconselhamos. Em viveiro, o manejo é difícil e controle do ambiente impossível, ali os filhotes costumam cair do ninho e morrem. Para quem optar por utilizar gaiolas – que têm a relação custo/benefício menor – devem ser de puros arame dispostas em prateleiras e terão 80 cm de comprimento por 40 cm de largura por 35 cm de altura. Com uma divisória no meio e com um passador lateral. Aconselhamos os criadores adotarem esse método porque de mais fácil manejo e para melhor utilização de espaços. A do macho pode ser a metade disso. No fundo, ou bandeja da gaiola, colocar grade que terá que ser lavada e desinfetada uma vez por semana, no mínimo. Utilizar ninhos em forma de taça, de preferência de bucha, de diâmetro 12 cm e 6 cm de profundidade no centro. Não esqueça de pendurar bastante raiz de capim e pedaços de corda de sisal para estimular a fêmea. Sabe-se que uma fêmea está pronta quando ela começa a voar muito, a arrancar papel do fundo, carregar capim no bico e levá-lo para o ninho. No manuseio do macho, o melhor é colocá-lo para galar e imediatamente afastá-lo para outra gaiola, assim pode-se utilizar um macho para até 5 fêmeas. Elas podem ficar bem próximas umas das outras em prateleiras, separadas por uma divisão de tábua ou plástico, mas não podem se ver, de forma alguma. Senão, matam os filhotes ou interrompem o processo do choco, se isto acontecer. O número de ovos de cada postura é quase sempre 2, às vezes 3. O filhote nasce aos treze dias depois de a fêmea deitar e sai do ninho aos quinze dias de idade podendo ser separado da mãe com 35 dias. Importante a administração de Energette®, ou Babyzoo, através de uma seringa graduada, no bico dos filhotes enquanto eles estão no ninho para ajudar a fêmea no tratamento. Pode-se trocar os ovos e os filhotes de mãe quando estão no ninho. As anilhas serão colocadas do 9 o ao 10o dia de vida. Cada fêmea choca 4 vezes por ano, podendo tirar até 8 filhotes por temporada. Fundamental, porém, é que se tenha todo o cuidado com a higiene. Lembremos que os fungos, a coccidiose e as bactérias são os maiores inimigos da criação, e têm as suas ocorrências inversamente relacionadas com a higiene dispensada ao criadouro. Armazenar os alimentos fora da umidade e não levar aves estranhas para o criadouro antes de se fazer a quarentena, são cuidados indispensáveis. Confiamos que os amantes destes pássaros irão trabalhar para a preservação deles praticando sua reprodução para corresponder a confiança que a sociedade está depositando neles permitindo sua manutenção em ambientes domésticos.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Trinca Ferro


A criação do Trinca-Ferro – (Saltator similis) vem sendo uma das maiores paixões para os passarinheiros de todo o Brasil. O Trinca, nome mais popular, possui a característica de ser muito valente e de muita fibra. De fácil lida, por natureza muito manso e sua adaptação para as disputas nos torneios de fibra e canto é plena. É necessário, então que haja um grande esforço na reprodução doméstica para atender a demanda. Capturar na natureza é proibido – a Lei diz isso - e se queremos continuar contanto com o apoio da sociedade civil temos que procriar em grande quantidade. É uma fonte de rendas segura a demanda é grande para um criadouro comercial ou hobista; Portarias do IBAMA 118 ou 057, não importa o que precisamos é de muitos filhotes. Conhecido também como: Pixarro, Estevão e Bico de Ferro, o Trinca – é um pássaro de porte médio, 216mm de comprimento, cauda 100mm, asa 140 mm. De cor verde olivácea, meio amarelada nas asas, garganta branca e de peito e abdome esbranquiçado. Bico muito forte e grosso. Não há disformismo sexual, o macho tem a mesma cor e o mesmo aspecto da fêmea, mesmo depois de adultos. É uma dificuldade a mais para o criador.
Vive, em quase todo o Brasil, em pequenas matas, notadamente as ciliares que vão descendo morro abaixo, capoeiras e beiras de matas densas e pomares não-racionais. Na natureza, é um pássaro extremamente territorialista, isto é: demarca uma área geográfica em torno do ninho onde o casal não admite a presença de outras aves da espécie.


Quando não estão na época da reprodução, contudo, podem ser vistos em pequenos grupos junto com os filhotes, como soe acontecer com quase todos os outros passeriformes brasileiros. Canta muito e assim delimita seu território. Seu canto é forte e melodioso, embora a frase musical tenha poucas notas quatro ou cinco mais o “boi”. Os mais apreciados são o “cu-rru-cu-til-boi” ou o “bom-dia-seu-chico-boi”. Aqueles que não finalizam com “boi” são chamados de lisos com repique ou não. O final com “roque” também muitos gostam, eu particularmente não aprecio pois sreio que seja “stress”. Na parte da tarde costumam mudar o jeito de cantar e a frase musical passando a emitir sons suaves e muito agradáveis. É sua característica, ainda, mudar o canto quando estão em disputa com outro macho. Uns diminuem as notas outros repicam o canto. Existem, ainda, que cantam destrocado efetuando a repetição de notas de forma natural, chegando até a 60 batidas. Esses são os mais desejados e os mais procurados para aqueles passarinheiros que admiram o bom canto. Alimenta-se de grãos, mas é vital para ele a ingestão de frutas/verduras. Então, deve-se alimentá-lo com ração de boa qualidade – como a CC frutamix. Milho verde, berinjela, maçã, não esqueça da larva de tenébrio . Ministrar 2 vezes por semana polivitamínico – Orosol, Rovisol ou Protovit – e 3 vezes por semana aminoácidos – aminosol - . Não o deixe cantar exageradamente porque pode adoecer com ataque de mycoplasma e de ácaros, fica rouco, perde a voz e se não for tratado, morre rapidamente. O tratamento é com 100PS e Permozim. O ninho natural é em forma de taça, numa altura de 1 a 5 m do solo, sendo entrelaçado com folhas e ramos. Internamente é forrado com raízes finas. A postura é de 2 ovos e às vezes de 3 de coloração de azul pálido com riscas negras no polo mais obtuso. Pode-se criá-los em gaiolas ou viveiros. As gaiolas de puro arame, dispostas em prateleiras, devem ser de 80 cm de comprimento por 40 cm de largura por 35 cm de altura. Com uma divisória no meio e com um passador lateral. Aconselhamos os criadores adotarem esse método porque de mais fácil manejo e para melhor utilização de espaços. É só adotar o estilo Márcio – que já produziu muitos deles, assim - , usado na criação de bicudo, curió e canário-da-terra que tudo vai dar certo. Deve-se colocar o macho no momento exato da gala, isto é: quando a fêmea fizer o ninho e tudo o mais. Assim cada macho pode servir a 5 fêmeas. Observar, bem quando ela já estiver “barriguda” aninhando intensamente, senão é briga certa. Neste caso, utilizar ninhos pré-preparados com buchas ou sisal. Embora com o manejo muito mais dificultado, pode-se reproduzi-lo, também, em viveiros de 1m a 2m, aí coloca-se o casal junto, tomando o cuidado para atuar caso haja desentendimentos, muito comum. Eles, assim, poderão fazer o ninho em vasos de xaxim. Para ajudar a fazer o ninho disponibilizar palha de folha de coqueiro desfiadas, crina de cavalo, saco de estopa e raiz de capim. O macho, quase sempre, respeita a fêmea e ela tem sempre a preferência. Por precaução e segurança, dada a agressividade dele, é melhor que se retire o macho após a fêmea estar no quinto dia do choco, especialmente se houver outros machos fogosos e cantadores por perto.
Os filhotes nascem após 13 dias de choco. Aí vem a situação mais difícil da criação, a nutrição do filhote. Deve-se ter o máximo de higiene em todo o ambiente da criação. Dar larvas de tenébrio, oferecida dez de manhã e dez á tarde para cada filhote. Frutas: maçã, banana prata, goiaba, mamão – tomando todo o cuidado para não deixar nada fermentar evitando-se, assim, a proliferação de fungos. Ao lado da ração CC furtamixl, oferecer ração (comum de pássaro preto/sabiá), ou a de codorna, úmida e adicionar uma colher de aminosol a cada 4 colheres rasas de ração, misture-a com banana até que ela comece a aceitar bem. Adicionar polivitamínico – tipo Protovit - na água de beber da mãe até que os filhotes saiam do ninho, 5 gotas para 50 ml. A anilha pode ser colocada no 9 dia de vida. Os filhotes ficam no ninho até os 13 dias e com mais 15 dias poderão ser separados da mãe. Podem ser colocados juntos em gaiolões tipo voadores até a primeira muda, daí serão separados individualmente. O que nos anima, ainda mais é que se tem a certeza que os pássaros produzidos são muito superiores aos seus irmãos selvagens, face o manejo doméstico nos possibilitar sempre aprimoramento através da seleção genética e cruzamento dos melhores com os melhores, campeões com filhas de campeões. Isso é criar com responsabilidade e respeito a Mãe Natureza.

Coleiro


Continuando na linha de bem informar o leitor e na seqüência de dicas sobre a criação dos principais pássaros canoros brasileiros, não poderíamos deixar de mencionar a criação do Coleiro.

Sem dúvida, é o mais popular dos pássaros brasileiros, como disse o amigo Epaminondas Jr. em seu artigo no Jornal do CUBIVALE N. 11. Seu tamanho diminuto facilita o manejo. É a maior paixão de crianças que gostam de pássaros. Esse lindo passarinho cantador é quase sempre o primeiro tipo de pupilo dos passarinheiros. Foi o meu primeiro, quando tinha 6 a 7 anos, lá pela minha Manhuaçu. Havia centenas deles por perto de minha casa. Hoje bem mais escasso, mas ainda é, certamente, o que existe em maior número pelo Brasil afora. Conhece-se, pelo menos, quatro formas diferentes: o coleiro de gola e do peito branco, o Sporophila caerulescens caerulescens; o cabeça preta do peito amarelo, o Sporophila nigricollis nigricollis; o de gola e do peito amarelo, o Sporophila caerulescens hellmayri.

Há ainda citações sobre o Sporophila ardesiaca e o Sporophila melanops, como Coleiro mineiro e Coleiro de Goiás, respectivamente. Sobre o cabeça preta do peito branco não há uma clara definição sobre o nome científico É preciso mais clareza dos técnicos e dos livros existentes sobre a questão para se ter a certeza sobre o nome correto. É difícil, também, é conhecer as fêmeas de cada um deles, são idênticas. O mais comum é o de gola, coleira e de peito branco, o de dupla coleira - e é aquele que mais se cultiva, o espécie típica. Afirmam os mais entendidos que é o mais valente e cantador. Conhecido também como: Coleirinha, Coleirinho, Papa-Capim, Coleira - Coleiro Laranjeira e Papa-Arroz - é um pássaro de porte pequeno, 11 cm de comprimento, envergadura 17 cm, com 14 penas grandes em cada asa. De cor preta chamuscada na cabeça e costas; abdome branco ou amarelo; mosca branca nas asas; garganta preta em cima de uma gola branca para ter logo abaixo uma coleira de um preto bastante intenso. Os olhos enegrecidos são circundados com pequenas penas claras, formando um gatinho. Bico é delicado e possui tons amarelados, cor de laranja. Há um marcante dimorfismo sexual: a fêmea tem a cor diferente do macho. Ela é parda, castanho claro, a mesma cor dos machos jovens que vão gradativamente se tornando pretos, e já procriam pardos com a idade de 7/8 meses.

Distribui-se por grande parte do Brasil, especialmente o Centro-Sul e países limítrofes. Na natureza, costuma procriar entre os meses de novembro e março.

Preferem as beiradas de matas, pomares, pastos, brejos, capoeiras e praças das cidades. É um pássaro territorialista, isto é, quando está chocando demarca uma área geográfica em torno do ninho onde o casal não admite a presença de outras aves da espécie. Canta muito e assim delimita seu território. Quando não estão na época da reprodução, contudo, podem ser vistos em pequenos grupos junto com os filhotes. Estão sempre à procura de alimentos, tipo semente de capim verde. Para isso, agarram-se aos finos talos dos cachos para poderem se alimentar; são especialistas nisso. Embora o braquiária, seja um capim exótico, apreciam muito sua semente e ele tem ajudado muito como alimento. Nos meses de julho e agosto costumam se juntar em grandes bandos, especialmente nos anos de seca prolongada. Nessas ocasiões, o fogo costuma destruir os capinzais fazendo com que os nossos queridos pássaros desesperados e famintos procurem os locais onde possam encontrar comida, muitas vezes até no interior das cidades.

Seu canto é simples, melodioso e a frase musical tem, em geral, poucas notas; entre cinco ou dez. Não repetem o canto, mas retomam muito rápido em alguns casos um a dois segundos de espaço entre um canto e outro. Existe uma infinidade de dialetos; na verdade, cada ecossistema possui um próprio. Todavia, há alguns que são mais apreciados e cultivados pelos criadores. São eles: o tuí-tuí-zero-zero ou tuí-tuí-zel-zel (o mais comum), exemplo desse canto está na fita do Cabrito; já nos cantos mais sofisticados, considerados clássicos, o Coleiro emite a terceira nota, assim: tuí-tuí-grom-grom -grom-ze-ze-zel-zel-zell ou tuí-tuí-tcho-tcho-tcho-tchá-tchá-tchaá e outras variações, para frases bem parecidas. A diferença está apenas no entendimento e na interpretação de segmentos de criadores nas nomenclaturas onomatopéicas das notas. Exemplo desse tipo de canto são as gravações dos Coleiros Mirante e Capricho. Em ambientes domésticos a característica principal do Coleiro é gostar de passear e de ser submetido a muita lida, isto é, quanto mais manuseado (mexido) mais canta. E seu desempenho nos torneios de canto e fibra está em relação direta com a dedicação que seu dono lhe dispensa. Depende muito disso. É, todavia, de fácil entrosamento e fica muito manso com um pouco de carinho. Em suma, o Coleiro é uma ave muito apreciada por todos os segmentos de passarinheiros e para vários objetivos, especialmente os torneios de canto.

Agora, pela Portaria 057 do IBAMA, só podem ser transacionados, sair de casa e participar de torneios aqueles que forem criados em ambientes domésticos e que tiverem anilha fechada, como prova disso.. Está aí, também, a Portaria 118, que é a de criadouro comercial, a pessoa física ou jurídica que quiser montar um é só falar com o IBAMA, em sua respectiva Superintendência Estadual. Dessa forma, compete-nos então, reproduzi-los em larga escala para poder preservá-los e suprir a grande demanda que está aí. Quem quiser e puder praticar a sua procriação, terá, com certeza, sucesso garantido. O Coleiro reproduz-se com mais facilidade que o bicudo e o curió e com uma produtividade excelente. É uma ave longeva, vive por volta de trinta anos, dependendo de sua saúde e do trato que se lhe dispensa.

A alimentação básica deve ser de grãos, notadamente o alpiste 50%, painço amarelo 30%, senha 10%, niger 10%, acrescentar periodicamente o painço português legítimo. É salutar que de disponibilize, também, ração de codorna misturada a 50% com milharina adicionando Mold-Zap® à base de 1 gr. por quilo. Dois dias por semana administrar polivitamínico tipo Orosol®, Rovisol® ou Protovit®, este à base de 2 gotas para 50ml d'água. Já sua alimentação especial para a fase de reprodução deverá ser a seguinte. Quando houver filhotes no ninho, em uma vasilha separada, colocar 3 vezes ao dia, farinhada assim preparada: 6 partes de milharina, 1 parte de farelo de soja torrado,/ 1 parte de germe de trigo, / premix F1 da Nutrivet® (4 colheres de sopa para 1 quilo), / sal 2 gr. por quilo, / Mold-Zap® 1 gr. por quilo, / Mycosorb® 2 gr. por quilo. Após tudo isso estar muito bem misturado, coloque na hora de servir uma gema de ovo cozido e uma colher cheia de "aminosol®" para uma colher bem cheia de farinhada. Dá-se larvas, utilizando a chamada "praga da granja"; (tipo de Tenébrio molitor, em miniatura, muito comum em granjas de avicultura industrial), é a melhor e tem mais digestibilidade. Essa larva é diminuta e condizente com o tamanho do bico do Coleiro. Oferecer até o filhote sair do ninho.

É bom, também, colocar sempre à disposição das aves "farinha de ostra" batida com areia esterilizada e sal mineral (tipo aminopan®). Outra questão importante diz respeito ao lugar adequado para que eles possam exercer a procriação. Esse local deve ser claro, arejado e sem correntes de vento. A temperatura ideal deve ficar na faixa de 25 a 35 graus Celsius e umidade relativa entre 40 e 60%.

O ninho, tipo taça, tem as seguintes dimensões: 6cm de diâmetro X 4 cm de profundidade, e será colocado pelo lado de dentro da gaiola. Pode ser feito de bucha ( Luffa cylindrica) por cima de uma armação de arame. Para estimular a fêmea prender raiz de capim ou fiapos de casca de coco, assim ela cobrirá o ninho com estes materiais. O número de ovos de cada postura é quase sempre 2.
Cada fêmea choca 3/4 vezes por ano, podendo tirar até 8 filhotes por temporada. As coleiras podem ficar bem próximas umas das outras separadas por uma divisão de tábua ou plástico, mas não podem se ver, de forma alguma. Senão, matam os filhotes ou interrompem o processo do choco, se isto acontecer.

Utilizar um macho de excelente qualidade, de preferência um campeoníssimo, para 5 fêmeas. Nunca deixá-lo junto pois ele quase sempre prejudica o processo de reprodução, e mata os filhotes. O melhor, é colocá-lo para galar e imediatamente afastá-lo da fêmea. O filhote nasce aos treze dias depois de a fêmea deitar e sai do ninho também aos treze dias de idade e pode ser separado da mãe com 35 dias. Com 8 meses, ainda pardos, já poderão procriar. As anilhas serão colocadas do 7O ao 10o dia, com anilha 2,3 mm de diâmetro - bitola 1 a ser adquirida do Clube onde seja sócio. Pode-se trocar os ovos e os filhotes de mãe quando estão no ninho. Fundamental, porém, é que se tenha todo o cuidado com a higiene. Lembremos que os fungos, a coccidiose e as bactérias são os maiores inimigos da criação, e têm as suas ocorrências inversamente relacionadas com a higiene dispensada ao criadouro.

Armazenar os alimentos fora da umidade e não levar aves estranhas para o criadouro antes de se fazer a quarentena, são cuidados indispensáveis. Os tipos de torneio mais comuns são: 1) Fibra - os pássaros são dispostos em círculo, a 20 centímetros do outro; aquele que mais cantar no final da prova é o que ganha; 2) Canto livre - ganha aquele que mais cantar em 5 minutos, ele compete sozinho, não é analisada a qualidade do canto; 3) Canto Clássico - A ave é examinada sozinha durante 5 minutos; ganha aquela que tiver o canto mais perfeito dentro do padrão pré-escolhido. Tem sido realizados torneios de Coleiros por quase todo o Brasil; sem poder citar todos, destacamos aqueles que tivemos a oportunidade de presenciar ou de ser convidado: Porto Alegre-RS , Florianópolis-SC SAC, Paranaguá- PR , Jacareí -SP-CUBIVALE , Ribeirão Preto-SP, Campos-RJ , Cachoeiro do Itapemirim-ES, Belo Horizonte -MG, Brasília-DF, São Paulo-SP SERCA, Duque de Caxias-RJ. Como vimos, as regiões são as mais diversas, a paixão é nacional, sem fronteiras.

Por fim, como sempre dissemos, não podemos deixar de mencionar essa importante questão: como em todos os tipos de pássaros canoros, os produzidos domesticamente têm muito mais qualidade do que seus irmãos selvagens, isto porque poderemos cruzar os melhores com melhores. Esse é o grande fator de incremento e de estímulo da criação. Quem poderá duvidar disso, a seleção através da genética funciona, e funciona bem. É só testar. A confiança da classe é grande, a responsibilidade também, os aficionados são muitos, a demanda é enorme, as matrizes estão aí, capturar é proibido; daí criatórios em ação, o respeito da sociedade e hobby preservado.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Canário da terra


O Canário da Terra é um passeriforme da família Emberizidae, do gênero Sicalis, da espécie Sicalis Flaveola. É originário da América do Sul e pode ser encontrado em outros países além do Brasil (Colombia, Equador, Venezuela, Peru e Argentina).

Em território nacional, este pássaro pode ser encontrado em vários estados; desde o Nordeste até o Sul do Brasil. O Canário da Terra já teve populações em quase todos os estados, mas foi extinto em algumas poucas áreas do país.

Os filhotes (tanto machos como fêmeas) são da cor parda. Quando adultos, os machos têm cor predominantemente amarela e podem receber alguns tons avermelhados na testa e no alto da cabeça. Já as fêmeas do Canário da Terra acabam permanecendo em um tom pardo (com algumas penas mais escuras).

O Canário da Terra é um pássaro terriotorialista (apesar de ser visto em bandos quando não é época de acasalamento). Seu canto (como a maioria dos outros pássaros) tem finalidade de atrair a fêmea e avisar outros macho sobre sua presença.

Quando na natureza, o Canário da Terra se alimenta de maneira simples. Sua dieta é constituída basicamente de sementes, frutas e vegetais. E é justamente por esta simplicidade na alimentação que o canário conseguiu sobreviver até hoje em tantos diferentes lugares.

Quanto ao tamanho, esta é uma espécie média; com medidas que giram em torno dos 13,5 cm. Mas, apesar de seu tamanho comum, o Canário da Terra tem uma cantoria de longo alcance, podendo ser escutado a uma distância considerável.

O Nome: Canário da Terra

Não se pode confundir o nosso Canário da Terra com com os canários vistos em lojas de animais. Estes são os chamados "Canários do Reino", ou "Canários Belgas". O nosso Canário da Terra é o Sicalis Flaveola Brasilienses. Os Canário do Reino são os Canarius Sirenus. Estes últimos são muito diferentes dos Canários da Terra; de origem e família absolutamente distintos.

Segue uma explicação para as diferentes nomenclaturas. O "Canário do Reino" é um pássaro criado em cativeiro há séculos na Europa. Um dos que melhor se reproduz em gaiolas. A origem de seu nome é a seguinte: há um conjunto de ilhas no sul da Espanha que se chama "Ilhas Canárias". As ilhas receberam o nome de "Canárias" porque lá havia uma grande população de Presa Canário, que é uma raça européia de cães.

Nesta ilha havia muitos destes pássaros (Canarius Sirenus) e eles acabaram recebendo o nome de "Canários" porque só existiam nas "Ilhas Canárias".

Quando os europeus chegaram às américas (particularmente ao Brasil), trouxeram estes exemplares de pássaros. Mas algum tempo depois eles notaram na nossa fauna uma outra espécie, também notável pelo seu canto. Tanto que também apelidaram esta ave de "Canário".

Mas para que houvesse distinção entre o canário criado na Europa e o canário que já havia aqui, eles procederam da seguinte forma: o canário originário da Europa recebeu o nome de "Canário do Reino". Em alguns lugares do Nordeste do Brasil ele é inclusive chamado de "Canário do Império". O canário que já havia no Brasil foi chamado de "Canário da Terra".

No nordeste do Brasil havia muitos holandeses e belgas. E os responsáveis por trazer estes canários da Europa para as regiões do nordeste do país foram os belgas. Daí a razão de o Canário do Reino ser chamado de "Canário Belga" em muitos lugares (apesar de ser originário da Espanha).

Há também uma curiosidade no que toca ao nome do Canário da Terra entre os índios brasileiros. Eles chamavam o Canário da Terra de Guiranheemgatu, cujo significado é "pássaro de canto bom". Este nome que os nativos davam ao Canário da Terra era por causa do volume da cantoria do canário (que podia ser escutado a longas distâncias).
Sementes

É fundamental para a saúde do pássaro ter uma alimentação correta. Isto acontece com qualquer ser vivo - e com o Canário da Terra não é diferente.

Quando na natureza, os Canários da Terra se alimentam de sementes, frutas e verduras. E não poderia ser de outra forma, pois é isso que ele escontram à sua disposição no mato, nos campos e nas fazendas.

Pássaros gostam de sementes. É assim que eles vivem na natureza. O desejo pela semente está no instinto do pássaro e cada espécie tem suas favoritas. A grande vantagem de utilizar sementes é que elas são baratas, são fáceis de encontrar em qualquer lugar e os pássaros adoram.

Mas há também dificuldades quando se utiliza sementes como base de alimentação de um pássaro ou de um plantel. A primeira delas diz respeito à seleção: invariavelmente, os pásaros selecionam as sementes de que mais gostam e deixam as outras de lado. Desta forma, sua alimentação fica desbalanceada e o pássaro pode apresentar desequilíbrios nutricionais.

Por esta razão, a alimentação de aves e plantéis que são tratados com sementes deve ser complementada com frutas e vegetais (como o Jiló, o Milho-Verde, o Almeirão, a Couve, o Pepino, o Mamão e a Laranja).

Mas aí passam a surigir outros problemas (e temos de considerar todos eles). Caso a ave goste de um destes itens (frutas e vegetais) ela pode se alimentar exclusivamente deste seu alimento preferido (e deixar as sementes mais nutritivas de lado).

Outra questão a se considerar é a manutenção destes itens: como todos estes alimentos são perecíveis, o criador terá de aumentar em muito seu cuidado com aquilo que seus pássaros estão ingerindo.

Devemos também pontuar que a forma de cultivo, armazenamento e transporte das sementes, frutas e verduras pode ser, em muitas vezes, inadequada.

Por último, há a questão dos agrotóxicos. Nós, seres humanos, não sentimos tanto os efeitos destes produtos, mas os pássaros tem um metabolismo muito diferente e seu tamanho é incomparavelmente menor que o nosso. Desta forma, as doses de agrotóxicos presentes nas frutas, verduras e legumes podem ser letais para as aves.

Sementes, frutas e legumes também tornam o ambiente do pássaro mais sujo, o que favorece o surgimento de doenças e outros problemas. O criador tem de ficar soprando as casquinhas do cocho e o chão do criadouro sempre estará cheio de sujeira.

Para os que forem aderir à alimentação baseada em sementes, recomenda-se uma mistura de 60% de alpiste e 40% de outras sementes (EX: painço, senha e níger).
Um item que é fundamental na boa alimentação da ave é a areia lavada (também conhecida como areia esterilizada, ou grit mineral). Este é um produto facilmente encontrado em lojas e sites especializados em produtos para aves. Ele é importante porque ajuda na digestão.

Há também farinhadas que são excelentes no desenvolvimento e no equilíbrio nutricional das aves. Os criadores que decidem pela alimentação a base de sementes deveriam utilizá-las com freqüência. O criador deve escolher as farinhadas de marcas consagradas para oferecer ao seu plantel (como Alcon, Megazoo e Nutrópica).

Por fim, o que mais importa é que o Canário da Terra receba alimentação adequada, limpa e de boa procedência; para o bem de sua saúde e satisfação de seu dono.

Sobre as Gaiolas

Outra questão que merece destaque é o local onde o Canário da Terra será criado. No que toca às gaiolas, há basicamente duas opções: metal ou madeira. Também há defensores e críticos para ambas as alternativas. Seguem considerações:

Adaptação: As gaiolas de metal são mais frias. Em regiões do Brasil em que o frio é muito intenso isso pode fazer uma diferença enorme. As gaiolas de madeira são mais frescas no verão e mais quentinhas no inverno. E também as gaiolas de madeira são mais parecidas com o que o pássaro iria encontrar na natureza (as árvores). Então, no que toca à adaptação, as gaiolas de madeira são melhores.

Higiene: No que toca à higiene, as gaiolas de metal são mais fáceis de cuidar. As partes da gaiola (seu fundo e grades) podem ser lavadas facilmente com cândida, desinfetante ou álcool. Isso já é bem mais difícil de fazer com as gaiolas de madeira (pois o processo de secagem principalmente pode ser bem mais chato e demorado). Outro ponto é que a madeira tem uma porosidade natural que pode acumular fungos e bactérias (além de que pode abrigar pequenos parasitas nas frestas). Um terceiro ponto sobre a higiene é que a maioria das gaiolas de metal conta com uma grade de proteção no fundo, que impede que o pássaro tenha contato com as fezes que estão no chão (o que não acontece com as gaiolas de madeira que não contam com este item). Então, no que toca a higiene, as gaiolas de metal são melhores. Veja como fazer a higiene das gaiolas no canal HIGIENE.

Tamanho: O criador também deve zelar para que o espaço dentro da gaiola seja suficiente para a habitação do canário. Muitos criadores mantém seus pássaros em gaiolas pequenas. É evidente que o pássaro cabe na gaiola pequena, mas o criador que realmente se preocupa com seu canário deve cuidar para que a ave tenha bom espaço, para se movimentar e gozar da liberdade que cabe ao pássaro nascido em cativeiro. Recomenda-se o uso de criadeiras e voadeiras. Caso o passarinheiro deseje manter o canário em uma gaiola de arco, recomenda-se que ele compre uma gaiola arco de número 5 (no mínimo). Como já dito: o Canário da Terra até cabe em gaiolas menores (3 ou 4), mas o criador preocupado com o bem estar do pássaro deve ter um propósito de mantê-lo de forma que ele tenha algum espaço e seja feliz.



Sobre a Higiene

Pássaro bem cuidado é pássaro saudável. Para ter um pássaro forte e feliz é necessário cuidar do ambiente em que ele vive. O criador deve cuidar para que a gaiola esteja sempre limpa.

Devemos começar com a limpeza corriqueira: trocar o fundo da gaiola. Há passarinheiros que ficam vários e vários dias sem trocar o fundo de suas gaiolas. Há alguns que têm muitas aves e não conseguem dar a atenção devida a cada uma delas. Um criador deve saber qual o limite de pássaros que ele pode ter para que possa mantê-los de maneira saudável.

Há quem troque o fundo todos os dias. Há quem deixe o fundo por mais tempo. O canário da terra é uma ave de porte médio e a sujeira que ele produz é proporcional ao seu tamanho. Gaiolas com Caboclinhos ou o Bigodinhos podem ficar mais tempo sem ter o fundo trocado, mas não é o caso do canário. Para saber quando deve trocar o fundo de sua gaiola o criador deve adotar o bom senso e a prudência.

Não se recomenda utilizar jornal no fundo da gaiola, pois o mesmo contém chumbo (que é nocivo aos seres vivos). Procure utilizar outros tipos de papel.

Um item é fundamental na higiene da gaiola: a água de beber. A água do bebedouro deve ser trocada diariamente. Por mais que o criador não encontre sujeiras a olho nu; o bebedouro abriga bactérias que podem prejudicar a saúde da ave. Passarinheiro esperto troca a água todos os dias.

Além de cuidar da água, o criador deve ter atenção especial com os comedouros e cochos. Acidentes acontecem e é bastante comum encontrar fezes do passarinho no comedouro. O passarinheiro deve observar diariamente o cocho e verificar se o passarinho fez alguma sujeira ali. A remoção da sujeira deve ser imediata.

De tempos em tempos é necessário fazer uma limpeza em toda a gaiola. Limpar poleiros, comedouros, bebedouros e as grades da malha. Para fazer esta limpeza é necessário passar a ave para uma outra gaiola.

Para fazer esta higienização, utilize um pano limpo e um produto de limpeza (que pode ser desinfetante diluído em água ou álcool). Você pode usar uma escova de dentes ou um cotonete para limpar as frestas que o pano não alcança. Esfregue bem as partes e deixe-as secando ao sol. Faça a mesma coisa com o bebedouro e os cochos. De vez em quando é aconselhável jogar SBP (inseticida) nas frestas da gaiola; pois há pequenos parasitas (principalmente piolhos) que se escondem justamente ali.

Atenção: Nunca faça esta limpeza enquanto os pássaros estiverem dentro da gaiola; pois a movimentação pode ser bastante traumática para a ave. Tenha sempre uma segunda gaiola (de reserva) para colocar o canário enquanto você faz a higiene da primeira.





Sobre o Posicionamento das Gaiolas

Pássaros precisam ficar em lugares iluminados e ventilados. O ideal é que eles estejam em um lugar que receba a luz do dia; luz natural. Mas cuidado: pássaros não podem ficar tomando luz direta do sol por muito tempo. Um pouco de sol é bom, mas os canários também precisam de sombra e descanso. O sol da manhã é o mais recomendável.

Também há de se ter um cuidado especial com as correntes de vento. Os pássaros devem ficar em lugares ventilados, mas sem entrar diretamente em contato com as correntes de ar. As rajadas podem resfriar as aves, de maneira que elas venham a adoecer.

Quanto ao contato com as pessoas, há de se observar o seguinte: quando um pássaro fica em um lugar movimentado, é certo que ele se tornará uma ave sociável. Quanto mais isolado ele permanecer, mais chances existem de ele se tornar um pássaro assustado; arisco.

Quanto ao repouso, o criador deve ter muita atenção. Se a ave passar a noite em lugares com muita circulação de pessoas (como a cozinha ou a sala) certamente terá seu repouso comprometido (e ficará mais fraco; sucetível a doenças e males).

Outra preocupação que o pasarinheiro deve ter é de não deixar os pássaros em lugares onde eles corram riscos de vida. Há lugares em que o canário estará à mercê de gatos e gaviões. Muita atenção com onde você deixa sua ave pendurada! Manter o pássaro em um lugar seguro é uma obrigação do criador !


Monogamia

Canários da Terra são aves que convivem bem em grupos quando estão na natureza. Só se separam quando chega a época da reprodução. Mas nem sempre o convívio coletivo é possível, pois há aves (tanto machos como fêmeas) com instinto territorialista maior do que o normal.

É comum entre os pássaros silvestres que o criador deixe macho e fêmea separados até a época do acasalamento (regime de POLIGAMIA). Mas entre os Canários da Terra há um comportamento um pouco diferente dos demais. É bastante normal ver casais de Canários que se aceitam durante todo o ano.
No regime de monogamia, o criador não precisa fazer o "namoro" para que o macho e a fêmea cruzem. A partir de Setembro o passarinheiro já pode colocar raiz seca de capim na criadeira, pois a fêmea irá começar a levar os fios para o ninho e - na hora certa - aceitará a gala do macho. O criador não deve se esquecer da abundância de alimento!Poligamia

Pode acontecer de um macho ou uma fêmea não aceitar a presença do outro nas épocas que não são de reprodução. Neste caso, o criador deve juntá-los somente no momento da gala e separá-los logo em seguida. Este macho pode, inclusive, ser usado para galar várias fêmeas. Esta opção de criação é denominada entre os criadores de Poligamia. Vejamos os procedimentos que devem ser adotados neste regime de criação:

O criador deve deixar fêmea e macho se escutando mutuamente quando chegar a época de acasalamento (por volta de Setembro). Depois, ele deve deixar que as gaiolas fiquem próximas e que os dois possam se ver, para que haja um "namoro". Quando o criador perceber que o macho quer galar a fêmea (e que a fêmea está se abaixando para o macho) ele deve abrir o passador lateral da gaiola e juntar os dois.

Este procedimento pode ser repetido diariamente até que a fêmea não aceite mais o macho. Isso significa que ela quer botar! No regime de Poligamia, o criador pode usar o mesmo macho para realizar este processo com várias fêmeas (cuidando para que ele não seja muito exigido).

Sobre os Filhotes

O criador deve ter alguns cuidados para que os filhotes sobrevivam e se desenvolvam. Vamos relacioná-los.

Privacidade: Não fique mexendo desnecessariamente no ninho, mas somente quando a situação realmente exigir. Procure mexer nos filhotes somente quando a fêmea não estiver sentada sobre eles (quando ela tiver saído para se alimentar ou fazer algo mais). Caso o criador resolva mexer no ninho quando a fêmea estiver ali, há um risco de que ela abandone os filhotes. Qualquer tipo de manutenção na gaiola enquanto a fêmea estiver chocando deve ser discreta e rápida, para que ela não fique insegura.

Alimentação: A própria fêmea cuida dos filhotes (não sendo necessário que o criador se preocupe em fazê-lo). O que o criador precisa fazer é disponibilizar abundância de alimento (para que a fêmea tenha como cuidar dos ninhegos). Caso o tratador use sementes, que ofereça diversidade de complementos (Milho, Jiló, Couve, Farinhada, etc). Caso o tratador utilize rações estrusadas, basta que use uma farinhada como complemento, pois a farinhada possui vários nutrientes.

Anilhamento seguro: Pássaro legalizado é sinal de respeito para com a fauna. O anilhamento deve ser feito no 5° dia de vida. Mas pode ocorrer de a fêmea querer tirar as anilhas. Isso pode acontecer pelo fato de as anilhas não fazerem parte do corpo do passarinho (e a fêmea achar que trata-se de algum tipo de sujeira). Ela também o faz por achar que trata-se de fezes dos filhotes (as anilhas brilham, exatamente como as fezes das aves). Uma alternativa para evitar que a fêmea arranque as anilhas é revestí-las externamente com band-aid cor da pele. Isso "engana" a fêmea (que não se sente incomodada com a anilha).

Separação: Em média, os filhotes saem do ninho aos 15 dias. A separação pode ser feita aos 40 dias, pois o macho pode - eventualmente - se sentir incomodado caso haja outros machos entre os filhotes. Mas se o criador tiver bastante espaço e perceber que o macho não se incomoda com os filhotes, ele pode manter os canários juntos até a próxima temporada de acasalamento (pois os canários convivem em relativa harminia na natureza quando estão em bandos). Mas o passarinheiro deve ficar atento, separando os machos ao menor sinal de desentendimento.

Recomenda-se a separação quando chegar a temporada seguinte de acasalamento, pois as chances de haver brigas entre machos é mais alta durante estes períodos.

Caso a separação seja feita mesmo aos 40 dias (quando os filhotes forem "desmamados", recomenda-se que os irmãos sejam colocados em uma mesma gaiola durante algum tempo (para que o trauma da separação não seja muito forte). Depois que já estiverem mais adultos podem ser separados entre si.



O criador deve lembrar que, em alguns casos, a fêmea só irá pedir gala e aceitar o macho quando perceber que há abundância de alimento na gaiola. Caso contrário, ela se sentirá insegura para tratar dos filhotes (e não aceitará o macho na gaiola).



Sabiá Laranjeira


NOME - Sabiá laranjeira
NOME CIENTÍFICO - Turdus rufiventris

NOME EM INGLÊS: Rufous-bellied Thrush

OUTROS NOMES: sabiá peito-roxo, sabiá gongá, sabiá vermelha, e sabiá amarelo.
ORDEM: Passeriformes
FAMÍLIA: Turdidae

LOCALIZAÇÃO: Estado litorâneos, Mato Groso (ambos) e Goiás. Sua distribuição ocorre em quase todo o território brasileiro à exceção da floresta amazônica.

TAMANHO: cerca de 25 cm

LONGEVIDADE: em torno de 30 anos

Nº DE FILHOTES: número de ovos de cada postura é quase sempre 2, às vezes 3. Cada fêmea choca 3 vezes por ano, podendo tirar até 6 filhotes por temporada.
TEMPO DO CHOCO: O filhote nasce aos treze dias depois de a fêmea deitar e sai do ninho também aos treze dias de idade e pode ser separado da mãe com 35 dias.

Vamos falar sobre a criação de sabiás. Embora haja inúmeras outras formas, vamos nos restringir à espécie que consideramos a mais popular e a mais cultivada pelos passarinheiros, o sabiá laranjeira (Turdus rufiventris).

Conhecido também como sabiá peito-roxo, sabiá gongá, sabiá vermelha, e sabiá amarelo. O macho pode ser o sabiá ou a sabiá, tanto faz. Sem dúvida, são dos melhores cantores que existem em todo o mundo. Foi motivo - com muito merecimento - de inspiração para renomados poetas elaborarem seus famosos versos, como escreve Gonçalves Dias "minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá - as aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá" e nosso poeta e músico maior, Chico Buarque "vou voltar para o meu lugar - e é lá - que eu hei de ouvir cantar - uma sabiá"

São belos pássaros de médio tamanho cerca de 25 cm e por isso precisam de gaiolas e viveiros adequados para poderem sobreviver com plena saúde. A grande maioria dos passarinheiros que os mantém não costumam levá-los para passear como os bicudos, coleiros e curiós.

O sabiá tem muita dificuldade em adaptar-se em ambientes estranhos, não se acostuma facilmente com objetos diferentes, a gaiola é muito grande e por isso é desaconselhável retirá-lo de locais daonde está ambientado. Além do que, uma vez assustado bate a cabeça nas hastes e nos ponteiros das gaiolas e chega a se ferir gravemente e cada vez com mais intensidade, e se matar se não for socorrido em tempo. Para evitar isso, é bom que se coloque uma proteção de pano ou papel nos lados da gaiola para que ele se acomode melhor.

Não há torneio de canto para esses pássaros, na realidade ficam restritos a conviver na residência dos mantenedores. Muita pessoas - 20% dos lares brasileiros tem aves - querem tê-los perto de si e escutar o seu canto mavioso, é proibido capturar na natureza, então procriá-los em larga escala é única solução para atender a demanda. Temos que ser realistas e deixar de poesia, produzir domesticamente pássaros não é falar ou dizer é praticar efetivamente a preservação. Nada como ter-se o prazer de criar uma vida nova e é uma obrigação que temos, a de preservar de todas as formas possíveis os nossos pássaros nativos, os nossos pássaros autenticamente brasileiros.

Se forem pássaros mansos e acomodados, especialmente a fêmea, reproduzem com muita facilidade em ambientes domésticos, dessa forma poderemos conseguir preservar os dialetos de canto de mais qualidade, esse é o principal estímulo.

A Portaria 118 do IBAMA, está aí para possibilitar criadouros comerciais e incrementar a reprodução doméstica, ganhar dinheiro de uma forma gratificante e fazer o que gosta, como é bom. Nos dias de hoje, para nossa sorte e surpresa a população da sabiá laranjeira - à medida da cessação/diminuição da caça predatória - tem aumentado muito, especialmente nas grandes cidades. A degradação das densas florestas, por incrível que pareça, tem favorecido a reprodução na natureza dos sabiás laranjeiras que apreciam florestas ralas e esparsadas.

Podemos vê-los, em densas populações nas cidades de Belo Horizonte, Brasília, São Paulo, Curitiba, Campo Grande, Cuiabá, Porto Alegre, Rio de Janeiro, talvez pela falta de inimigos naturais ou muitas árvores frutíferas nos quintais. Nesses locais, infelizmente, os respectivos cantos são de péssima qualidade. Sua distribuição ocorre em quase todo o território brasileiro à exceção da floresta amazônica.

A coloração de suas costas é cinza-escuro, peito esbranquiçado, gola raiada de tons preto e branco e abdome vermelho alaranjado que pode mudar de tom conforme a região, a do nordeste brasileiro é bem mais claro, bem mais amarelado. Não há disformismo sexual, a fêmea é exatamente igual ao macho, não se consegue separar um do outro, facilmente. Na natureza, procria entre os meses de setembro e janeiro. Preferem as beiradas de matas, pomares, capoeiras, beiras de serras e estradas, praças e quintais, sempre por perto de água abundante. É um pássaro territorialista, e demarca uma área geográfica quando está em processo de reprodução e não aceita a presença de outras aves da espécie, a fêmea também é muito valente. Ao iniciarem-se as chuvas ao final do mês de agosto, cantam muito para estimular suas fêmeas e fixarem sua morada, notadamente ao amanhecer e ao entardecer.

Quando não estão em processo do choco ou na fase do fogo e que a libido está em alta, quase não cantam e podem ser vistos agrupados, especialmente no chão a comerem frutos e insetos. Consomem quase todas as frutas de pomares com preferência para o mamão e abacate e de árvores silvestres abundantes em nosso País. Apreciam também pimenta, amora, mariana e alguns legumes. Seu canto é longo e melodioso assemelhado ao som de uma flauta e dependendo do local pode-se escutá-lo a mais de um quilômetro de distância. Alguns repetem o canto e chegam a passar até dois minutos emitindo-o, sem parar.

A frase musical de qualidade varia de 10 a 15 notas, sendo que ele costuma variar a seqüência das notas modificando-as para dar maior beleza ao canto, inserindo inclusive os curiangos "krom-krom" ou os joão-de-barro "quel-quel-quel".

Uma maravilha da natureza, uma sinfonia, o canto do sabiá laranjeira. Existe uma infinidade de dialetos, cada região possui o seu próprio. A maioria são lindíssimos, os mais importantes são: o "cai-cai-balão", o camboriú, o "to-to-ito" e o "piedade". Este último é o mais solicitado de todos, oriundo de Minas Gerais na região de Carmo do Paranaíba, Patrocínio e Patos de Minas. Nesse canto, o sabiá diz claramente: piedade-sinhô/piedade/tendó-de-nós/piedade/sinhô..... Muitos criadores estão procurando conservar este canto e a tendência, quem sabe, é considerá-lo futuramente como padrão. Existe também o canto "trinta e oito", de frase curta e muito repetitivo são poucos os que gostam dele, muito comum, porém, no Estado do Rio de Janeiro.

Toda sabiá laranjeira emite ainda os cantos:

a) peruzinho, em volume baixo quando está com raiva, assim: siri-fririri-serere-siriri-friri-sriri.... às vezes dura mais de dois minutos, estufa-se toda, vira uma bola, pula de um lado para outro e o emite para mostrar sua valentia ao rival e se for o caso partir para vias de fato ;
b) a castanhola, assemelhado a um tá-tá-tá-tá, também é um canto provocativo;
c) a corrida, em um volume alto, muito emitida no início do acasalamento - serve para marcar o território e desafiar pretensos rivais - seria um til-til-til-til-til-til bem forte. E o miado, o macho diz muito claro, parecendo um gato, "minhau" "minhau" várias vezes, é o sinal de sua presença para a fêmea.

Tem-se que ter muito cuidado, no entanto, para ensinar canto aos filhotes, senão ele aprende a chamar cachorro e repetirá "tui-tui-tui-tui-tui......."- sem parar, é horrível escutar este tipo de canto. O sabiá é uma ave longeva, vive até trinta anos, dependendo de sua saúde e do trato que se lhe dispensa, há registro de um que viveu 32 anos.

A alimentação básica deve ser de ração, complemente com frutas como maçã, pera, banana prata/marmelo verdoengas e abacate pouco amadurecido. É salutar que de disponibilize, também, farinhada tipo broa com ovo e adicionando Mold-Zap® à base de 1 gr. por quilo. Três dias por semana administrar polivitamínico tipo Orosol®, Rovisol® ou Protovit®, este à base de 2 gotas para 50ml d'água. Já sua alimentação especial para a fase de reprodução deverá ser a seguinte: quando houver filhotes no ninho, em uma vasilha separada, colocar 3 vezes ao dia, farinhada assim preparada: 5 partes de milharina, 1 parte de farelo de soja torrado,/ 1 parte de germe de trigo, / premix F1 da Nutrivet® (4 colheres de sopa para 1 quilo), / sal 2 gr. por quilo, / Mold-Zap® 1 gr. por quilo, / Mycosorb® 2 gr. por quilo. Após tudo isso estar muito bem misturado, coloque na hora de servir, para duas colheres dessa farinhada, uma gema de ovo cozido e uma colher cheia de "aminosol®".

Dar-se larvas, utilizando a chamada Tenébrio molitor, oferecer até o filhote sair do ninho, à base de 5 de manhã e 5 à tarde para cada filhote. Excelente também a utilização de minhocas, dessas da califórnia e de fácil criação. Muito importante, oferecer-se o Calcigenol 3 gotas junto com 5 de Aminosol em 50 ml para a fêmea enquanto os filhotes estiverem no ninho. Outra questão relevante diz respeito ao lugar adequado para que eles possam exercer a procriação. Esse local deve ser claro mas com setor bem sombreado, arejado e sem correntes de vento. A temperatura ideal deve ficar na faixa de 25 a 30 graus Celsius e umidade relativa entre 40 e 60%.

O sabiá não gosta de muito sol direto, por isso deve-se ter muito cuidado com o calor excessivo que pode ser fatal. A época para a reprodução no Centro Sul do Brasil é de setembro a fevereiro, coincidente com o período chuvoso e com a choca na natureza. Pode-se criá-los em viveiros, grandes ou pequenos, todavia, não o aconselhamos. O manejo é difícil e controle do ambiente impossível, ali os filhotes costumam cair do ninho e morrem. Nunca coloque outros pássaros juntos com eles, são super agressivos e costumam matar sem piedade, sem dó qualquer outro pássaro, ainda mais se estiverem em processo de reprodução. Para quem optar por utilizar gaiolas - que tem a relação custo/benefício menor - elas devem ser de puro arame, com medida de 1m comprimento X 40cm largura X50 cm altura, com quatro portas na frente, comedouros pelo lado de fora para dentro da gaiola, e com um passador lateral.

A do macho pode ser a metade disso. No fundo, ou bandeja da gaiola, colocar papel, tipo jornal, para ser retirado todos os dias logo que a fêmea tomar banho, momento que se deve retirar a banheira para colocá-la no outro dia bem cedo. Entretanto, da época da reprodução, coloca-se uma vasilha com terra molhada bem limpa misturada com raiz de capim de 12 cm., deixar a banheira, também, com água sempre à disposição para que ela se molhe na água e depois utilizar a terra molhada para fazer o ninho com barro e raízes que lhe estão disponibilizadas.
Coloque vasos limpos e desinfetados de xaxim tamanho médio e certamente ela utilizará esse recipiente para fazer o ninho, tipo taça. Assim que ela botar os ovos, depois de dois dias que estiver deitada sobre eles, observe se o ninho não estiver bem feito - é comum que fique pontiagudo e cheio de ferpas, o que poderá ferir os filhotes -, nesse caso, arranje desses ninhos de belga dos grandes 14/15 cm de diâmetro (canários franceses ondulados) para colocar e proteger melhor os ovos, e tornar o ninho macio ela gostará e aceitará tranqüilamente. O número de ovos de cada postura é quase sempre 2, às vezes 3. Cada fêmea choca 3 vezes por ano, podendo tirar até 6 filhotes por temporada.

As sabiás fêmeas podem ficar bem próximas umas das outras separadas por uma divisão de tábua ou plástico, mas não podem se ver, de forma alguma. Senão, matam os filhotes ou interrompem o processo do choco, se isto acontecer. No manuseio do macho, o melhor, é colocá-lo para galar e imediatamente afastá-lo da fêmea. O filhote nasce aos treze dias depois de a fêmea deitar e sai do ninho também aos treze dias de idade e pode ser separado da mãe com 35 dias. Com 9 meses, já poderão procriar. As anilhas serão colocadas do 7O ao 10º dia, com 4,5 mm de diâmetro - bitola 7 a ser adquirida do Clube onde seja sócio. Pode-se trocar os ovos e os filhotes de mãe quando estão no ninho. Fundamental, porém, é que se tenha todo o cuidado com a higiene. Lembremos que os fungos, a coccidiose e as bactérias são os maiores inimigos da criação, e têm as suas ocorrências inversamente relacionadas com a higiene dispensada ao criadouro. Armazenar os alimentos fora da umidade e não levar aves estranhas para o criadouro antes de se fazer a quarentena, são cuidados indispensáveis.

A título de informação para reproduzir o sabiá bahiano (Turdus fumigatus) e o sabiá coleira (Turdus albicollis) os procedimentos são praticamente idênticos. Outra questão a mais importante na criação doméstica é que podemos produzir os cantos, isto é, escolher um determinado dialeto e encartá-lo nos filhotes nascidos, dando mais qualidade aos nascituros, aí é que está o segredo do sucesso. Isso é que nos anima. Muitos quererão possuir um pássaro diferenciado e que cante o seu dialeto preferido.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Dicionário

Existem vários termos utilizados pelos passarinheiros que são desconhecidos para quem se aproxima do mundo das aves silvestres. Segue abaixo um mini-dicionários, com algumas expressões e termos peculiares aos criadores de aves.

ANILHA: É um anel de metal que é colocado na perna dos pássaros nascidos em cativeiro, no quinto dia de vida, com seu número de identificação. A anilha só é colocada na pata de pássaros nascidos em criatórios comerciais ou na casa de um criador amadorista. Ter um anilha não significa que o pássaro é legalizado. A anilha pode ser falsa, ter sido colocada em uma ave que foi caçada no mato, de maneira ilegal. A anilha só tem validade quando ela corresponde ao registro que este pássaro tem no Sispass (ou em um Clube).

CABEÇA MOLE (OU DURA): Quando um pássaro tem poucos anos de vida ele ainda está aprendendo o canto de sua espécie. Nestes casos, alguns pássaros podem pegar o canto de uma outra espécie (caso sejam muito novos e fiquem ouvindo esta outra espécie cantar). Um pássaro que muda seu canto original por ouvir uma outra espécie é chamado de "cabeça mole". Quando um pássaro já é maduro, e não pega o canto de outros, diz-se que ele já tem "cabeça dura".

CORREU: É quando um pássaro é colocado em disputa de canto com um outro macho e ele pára de cantar por causa deste outro macho. Diz-se que ele "correu". Um pássaro também pode "correr" para pessoas (alguém de quem ele tenha medo).

CRIATÓRIO COMERCIAL : É um estabelecimento (uma loja ou uma casa) que tem autorização do IBAMA para comercializar aves silvestres. Estes estabelecimentos vendem aves registradas e emitem nota fiscal de seus animais.

ENFEMEAR: É quando coloca-se uma fêmea próxima a um pássaro para ele cantar mais. Pássaro "enfemeado" é aquele que fica dependente de uma fêmea para cantar.

ENTOPETOU: É quando o pássaro é colocado em disputa com outro macho e ele pára de cantar por causa deste outro macho. Diz-se que ele "entopetou". Este termo tem sua origem no fato de que alguns pássaros, quando "correm" de outros, levantam o topete, na parte de trás da cabeça.

ESFRIAR: É quando um pássaro pára de cantar. Diz-se que ele "esfriou". Um pássaro pode parar de cantar por diversas razões (ver detalhes no canal "Dicas").

ESQUENTAR: É quando um pássaro volta a cantar, ou está cantando mais do que cantava antes. Diz-se que ele "esquentou".

FIBRA: É quando um pássaro continua cantando, mesmo na presença de um outro macho. Diz-se que ele tem "fibra". Estes pássaros são os usados nos torneios de roda

GALA (ato de GALAR): É quando o macho sobe na fêmea para o acasalamento. Diz-se que ele "galou" a fêmea. Quando a fêmea fica abaixando para o macho diz-se que ela está "pedindo gala".

MATEIRO: É um pássaro do mato, que foi caçado na natureza. O mesmo que "xucro".

MUDA: Todo ano, antes do inverno, os pássaros trocam de penas (para entrar na época do frio com penas perfeitas). Este período de troca de penas é chamado de "muda". As mudas acontecem, geralmente, entre os mêses de Abril e Junho. Há mudas mais longas e mudas mais curtas. Há pássaros que perdem as penas de uma vez e há outros que vão perdendo aos poucos.

MUDA ENCRUADA: É quando o período da muda passa e o pássaro continua sem penas. Há diversas razões para a muda ficar "encruada"

PARDO: A maioria dos machos muda de cor depois da primeira (ou segunda) muda de penas. Até a primeira muda os pássaros (machos e fêmeas) têm coloração em tons de marrom (pardo). Depois da primeira (ou segunda) muda, os machos ficam com as cores de adulto, mas as fêmeas continuam pardas.

PASSERIFORMES: Resumidamente, são os pássaros de canto e que se alimentam, basicamente, de sementes e frutas. Os populares "passarinhos". Há algumas características que identificam os passeriformes: Quatro dedos nas patas (3 para frente e 1 para trás), ausência de membranas entre os dedos e um conjunto de 9 ou 10 penas primárias nas asas.

PARELHA: Quando você tem dois pássaros se escutando, você tem uma "parelha". Isso é bom para fazê-los cantar, pois um escuta o desafio do outro e se sente incentivado a demarcar seu território. Aí eles ficam cantando um para o outro.

PINTANDO ou PINTÃO: É quando o pássaro está em um estado intermediário da muda. Ele não é totalmente pardo e não está totalmente com as cores de adulto. Diz-se que ele "está pintando" ou que ele "é pintão".

RODA: É um torneio em que as gaiolas são colocadas em círculo para ver qual pássaro canta mais

XUCRO: É um pássaro do mato, que foi caçado na natureza. O mesmo que "mateiro".